-PRÊMIO MARIZA CORRÊA 2022-
Ensaios visuais

Agora não se ouvia nada. Só o silêncio.
Só o abismo daquele silêncio
Alex Hermes
O Abismo e seus intervalos, a incerteza viva: Agora não se ouvia nada. Só o silêncio. Só o abismo daquele silêncio. Nos intervalos do tempo dentro de cada um, sombra e luz bordado a jenipapo, um bode berra dentro de mim, rosto se multiplica pendurado na tela escura, um bendito, zoom ladainha, incelença na estrada. O cordão arrebenta incerteza. Olhar reflete o espanto da imagem no concreto. Terra protegida, seres demarcados, inscrita na matéria. Fundamentalmente, é uma investigação sobre arquivo. Mas, para que apontam? o ar está cheio de poeira. O chão está coberto de incontáveis folhas imaculadas em que pisam silhuetas assustadas, brancas como fantasmas. Não está claro o que está acontecendo; as pessoas fogem de uma nuvem de silêncio.
Recampezinisação: um diário de campo em imagens na Colômbia
Alejandro Escobar
O presente ensaio visual é parte do diário de campo imagético de 263 fotos da pesquisa ”recampezinisação: uma etnografia audiovisual da luta pela terra na Colômbia”, desenvolvido no programa de pós-graduação em antropologia social da UFRN com campo no município do Cairo no Valle del Cauca na Colômbia e com apoio do NAVIS-UFRN (Núcleo da antropologia visual). Este trabalho procura refletir é analisar o processo de realocamento ou de volta ao campo, o que podemos chamar de “recampezinisação” (...)


PARAÍSO APINHADO: por outros enquadramentos dos Lençóis Maranhenses
Benedita de Cássia Ferreira Costa
O presente ensaio parte de um incômodo sobre a composição das imagens dos Lençóis Maranhenses que projeta a ideia de paraíso configurado a partir de dunas, lagoas cristalinas, céu espetacular, sugerindo um lugar natural, vazio, óbvio. Opera, assim, na construção de uma natureza prístina, simplificando ou apagando a existência humana, desconectando-as de questões político-econômicas relacionadas à sua própria produção, enquanto destino turístico único. Retratadas pelo olhar dos turistas, tais imagens, ajudam a consolidar um modelo de contato e consumo da natureza através da contemplação, ao mesmo tempo em que reforçam a ideia de uma natureza intocada para aquela unidade de conservação (...)
Encontro Nacional dos Estudantes Indígenas: aldear e ocupar a universidade
Juliana Jodas
As políticas de ações afirmativas no Brasil, implementadas desde o início dos anos 2000, permitiu a ampliação do acesso da população negra e indígena no ensino superior. A presença crescente de povos indígenas nas universidades ocasionou na organização do Encontro Nacional dos Estudantes Indígenas (ENEI), cuja primeira edição ocorreu no ano de 2013, na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Tal evento, de âmbito nacional, se traduz em um importante momento de ocupação, celebração e visibilidade das demandas indígenas na universidade, ou como colocado por Taquari Pataxó “o ENEI serve para abordar tudo aquilo que a universidade não dá conta” (...)


Lugares de memória: pisando, apresentando e registrando o território quilombola do Bairro de Fátima
Lívia Rabelo e Rosangela Lisboa dos Santos
Este ensaio fotográfico tem por objetivo apresentar, por meio da linguagem visual, a relação indissociável entre lugares e pessoas (Basso, 1996) na Comunidade Quilombola do Bairro de Fátima, localizada no município de Ponte Nova, na Zona da Mata Mineira. De acordo com Pedro Catarino (2022), o Bairro de Fátima era conhecido como Sapé no final do século XIX e início do século XX. Após a Lei Áurea, o território que viria a ser conhecido como Sapé recebeu pessoas que haviam sido escravizadas nas fazendas da região. Assim foram formadas diversas micro comunidades sendo a principal a comunidade Sapé e dentro dela várias denominações de setores.
Do terreiro pra vida: ancestralidade da Umbanda afro-brasileira
Matheus Viana
O presente ensaio fotográfico foi registrado em uma gira de Umbanda no terreiro de “Luiza” durante trabalho de campo feito com sua comunidade no segundo semestre de 2018. O trabalho de campo realizado em Ubá consiste em trazer à tona a história de resistência e existência da comunidade quilombola por meio da trajetória de vida de Maria Luiza Marcelino, sua mestra e descendente daquelas que fundaram e lideraram a comunidade antes dela (...)


Frivolidades Brincantes:
aquendando os Reisados ao pé do Padre Cícero em Juazeiro do Norte - CE
Ribamar José de Oliveira Junior
Como construir um corpo que brinca? Como brincar com o corpo que se constrói? Há seis anos estou acompanhando as performances de brincantes LGBQTQIA+ nos Reisados na cultura popular de Juazeiro do Norte, terra do Padre Cícero, interior do Ceará. (...)
Dia dos mortos no segundo ano de pandemia:
as fases de vivenciar a morte no cemitério Senhor da boa sentença no “novo normal”
Weverson Bezerra Silva
O ensaio fotográfico aborda o tema do dia dos mortos em seu contexto pandêmico ritualístico na cidade de João Pessoa, Paraíba, mais precisamente no cemitério Senhor da Boa Sentença, situado no bairro do Varadouro. A finalidade é mostrar a experiência etnográfica no significado do processo de visitar os mortos como forma de lembrança e ativismo da memória, atentando aos processos sociais e econômicos em torno desse dia em tempos de distanciamento social, no segundo dia dos mortos no Brasil em 2021 na presença da covid-19 e um cenário do “novo normal”. (...)
