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Recampezinisação: um diário de campo em imagens na Colômbia

Alejandro Hoyos(UFRN)

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O presente ensaio visual é parte do diário de campo imagético de 263 fotos da pesquisa ”recampezinisação: uma etnografia audiovisual da luta pela terra na Colômbia”, desenvolvido no programa de pós-graduação em antropologia social da UFRN com campo no município do Cairo no Valle del Cauca na Colômbia e com apoio do NAVIS-UFRN (Núcleo da antropologia visual).  Este trabalho procura refletir é analisar o processo de realocamento ou de volta ao campo, o que podemos chamar de “recampezinisação” (VAN DER PLOEG, 2010.) (PETER ROSSET; MARÍA TORRES, 2016), (SANCHEZ, 2018). A minha participação no documentário “Recampesinización salvando el campo” (Direção: Javier Sanchez, 1:04:08, 2018) como diretor de fotografia foi o ponto de partida para conhecer a comunidade do Cairo, em especial a Associação de Deslocados “Prédio Argentina”, conformada por doze famílias deslocadas de várias partes do país, que foram realocadas na “vereda Guadualito-Miraflores” no município do Cairo. A produção do filme foi um processo compartilhado (ROUCH, 2011.), fui convidado por Javier Alonso Sanchez, o diretor do filme e por Andrés Sanchez o produtor. Javier e Andrés Sanches, são irmãos e fazem parte da Associação Prédio argentina e, consequentemente, do processo político e organizativo da mesma.

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Da mesma maneira no mês de janeiro a março do 2022 fez meu trabalho de campo na “Finca casa das cores”  junto com Javier e Andrés participei do mutirão ou minga para ajudar em diferentes trabalhos principalmente a criação do viveiro, da bio-fabrica, do salão de encontros como também do cuidado de vários plantios como por exemplo do café. O embasamento tanto teórico como metodológico é principalmente construído desde a antropologia visual, podemos mencionar alguns referentes como Margaret Mead e Gregory Bateson (1942) os quais enfatiza o valor do suporte "físico" (fotografias, gravações, etc.) como um instrumento para o trabalho analítico do pesquisador. Etienne Samain (2012) nos adentra, mais neste tema no texto como pensam as imagens:

Assim sendo, não procurarei saber a que serve as imagens e porque existem, e sim como elas existem como vivem como nos fazem viver. Ou ainda quais são suas maneiras de nos fazer pensar, e chegar de desse modo a desvendar algo da maneira como a imagem nos provoca a pensar, nos convoca a pensar. Em outras palavras como se orienta ante a imagem e dentro da imagem, sendo a nossa dificuldade de orientação decorre do fato que a imagem deve ser entendida ao mesmo tempo como documento e objeto do sonho (Sigmund Freud), como obra e objeto de passagem (Walter Benjamin), momento e objeto de montagem (Segei Eisentenin) não saber (Gerorges Bataille) e objeto de ciência (Aby Warburg)” (Etienne Samain, 2012, p 21-22)

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Assim as imagens que apresento nos fazem viver até pensar o processo de recampezinisação. Igualmente o trabalho foi pensado desde o que Mariano Baez denomina de “El audiovisual participativo como metodologia liberadora” no qual busca construir uma proposta metodológica e prática, desde a etnografia audiovisual para produzir materiais como a foto-voz ou vídeos participativos dos próprios atores sociais e comunidades em um processo de revitalização étnica e cultural (BAEZ, 2020, p. 1).

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E dizer os irmãos Sanchez tem tido um interesse pela questão da imagem como o audiovisual, muralismo e fotografia muito grande, assim o processo de construção de imagens foi participativo e compartilhado pois eles próprios faziam parte da construção das fotos e vídeos. Igualmente tenho que mencionar que no primeiro dia do trabalho de campo procure colocar minha atenção em ajudar na minga, acompanhar os diálogos e me concentrar na observação participante, porem Andrés Sanchez me chama atenção em seguida me fala para tirar a câmera do bolso (Canon T3 e de uma lente 18-55,) para começar quanto antes a fazer fotos da minga e dos diferentes trabalhos durante os próximos dias no sitio.

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Javier Sanchez também realiza um trabalho fotográfico interessante desde o mesmo celular marca Xiaomi, seu trabalho também acompanha o presente ensaio. Javier enfatiza a importância da própria representação em imagens, menciona a importância de empoderar e fortalecer a identidade camponesa como também visibilizar o trabalho e presença das associações de camponesas vítimas e descolados no município, igualmente faz referência em gerar alianças e tecidos que permitam a permaneça no território, a cultura camponesa e a vida no campo. Para terminar Javier comenta “Podemos pesar a recampezinisação como o resgate da harmonia do camponês com seu espaço, por meio da cultura, dos processos de produção, da autonomia do território e do uso de sementes nativas” (SANCHEZ, 2018, p. 1). Este ensaio visual faz parte de uma série de trabalhos imagéticos sobre o processo de recampezinisação da família Sanchez no município do Cairo na Colômbia, esperamos desfrutem as fotografias e que as próprias imagens nos façam pensar o processo de recampezinisação e do trabalho no campo.

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