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MINICURSOS

1- Minicurso: Análise de dados em pesquisas antropológicas

10/11, 08h às 12h

Ministrante: Hellen Caetano (PPGAS/UFRN)

Proposta: Este minicurso tem como principal intuito demonstrar possibilidades de sistematização e análise de dados na pesquisa antropológica. Dados, nesse sentido, são todas aquelas informações com que lidamos em nossas pesquisas, sejam transcrições de entrevistas, documentos ou postagens em redes sociais. Ao passo que nos deparamos constantemente com debates sobre descrições e produções etnográficas, há certa lacuna sobre como podemos instrumentalizar a infinidade de fontes com que lidamos em todas as etapas da pesquisa. A proposta do minicurso visa desmistificar esses processos, buscando mostrar que o recolhimento, a sistematização e a análise de dados são essenciais para o fortalecimento do trabalho antropológico, garantindo que possamos apresentar tais informações da melhor forma possível. Em um primeiro momento, falaremos sobre a construção de roteiros de pesquisa e como nosso recolhimento de dados afeta também a etapa posterior de sistematização, demonstrando a importância de pensar em categorias e subcategorias vinculadas aos nossos temas de pesquisa. Em um segundo momento, falaremos sobre análise, comparação e cruzamento de dados, mostrando a ligação entre essas etapas anteriores e a apresentação final dos dados em nossos textos antropológicos. Por último, falaremos sobre o uso de programas de análise qualitativa como Atlas.ti e CATMA que podem facilitar a instrumentalização das informações recolhidas. O objetivo principal da proposta é que, coletivamente, possamos pensar em formas eficazes de sistematização e análise que facilitem nossa forma de lidar com dados na Antropologia.

 

Palavras-chave: Pesquisas antropológicas; Sistematização; Análise de dados.

Número de Vagas: 30
 

2 - Minicurso: Cartas Etnográficas

09/11, 08h às 12h

Ministrante: Luan Gomes dos Santos de Oliveira, Licenciado e Bacharel em Ciências

Sociais (ênfase em Antropologia e Sociologia), Mestre em Desenvolvimento e Meio

Ambiente (Antropologia Ambiental) e Doutor em Educação, formação na Universidade

Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Atualmente está em formação doutoral em

Sociologia pela Universidade Federal de Pelotas/UFPEL. Docente da Universidade Federal de Campina Grande/UFCG.

 

Proposta: Apresentar outros modos de escrever etnografias que partam da experiência o gênero epistolar. De como esse, pode contribuir com a construção da escrita em trabalhos de pesquisa na graduação e na pós-graduação. Como parte da metodologia do minicurso, usaremos a estratégia das cartas para situar a escrita. O fio narrativo que irá costurar o minicurso será a apresentação de sete cartas de pesquisa sobre um sábio guardião de um monumento natural no Sertão do Brasil.

 

Palavras-Chave: Cartas etnográficas. Escrita antropológica. Sabedorias.

Número de Vagas: 20

 

 

4 - Minicurso: Narrativas do andar: Emaranhados criativos e olhares (antro)poéticos

08/11, 14h às 18h

 

Ministrante: Sarayna Martins Mendes (PPGA/UFBA). João Vítor Velame (PPGA/UFPB)

 

Proposta:  Michel de Certeau escreve em “A invenção do cotidiano” sobre uma certa cegueira daqueles que andam mas não percebem a cidade. Acreditamos que nosso andar tece os lugares, forjam trajetos e faz a cidade tanto quanto as cidades influenciam em nossos corpos e subjetividades, nossos comportamentos e formas de olhar e observar o mundo. A oficina tem por objetivo possibilitar um espaço para observarmos esses movimentos, os diferentes sentidos e sensibilidades e as diferentes formas de habita-las. A partir da perspectivas dos corpos que se movimentam na cidade e da memória de nossas caminhadas na cidade, propomos a construção de emaranhados criativos para que  possamos discutir sobre a soma dessas trilhas como a vida em si, ao trazermos os traçados do pé no chão, na cidade, para o desenho de linhas no papel, como um experimento, um exercícios de pensar juntes e quem sabe inventar pontes de linguagens para narrar os trajetos – sem pensá-los apenas como pontos que se ligam. “Como narrar movimentos?” é uma das questões que permeiam essa oficina e que pretendemos não responde-la, mas tencioná-la como experimento. A oficina, mesmo online, será feita de forma prática, não é uma aula ou mini-curso, mas sim uma proposta de percepção da cidade, de sentir ao invés de apenas ver a cidade, por isso esperamos que os participantes estejam dispostos a participar dos exercícios de desenho que vamos propor, ao trazer as suas cidades, seus lugares do dia a dia, seja dentro ou fora de casa mas em encontros com os espaços urbanos e em como podemos desenvolver/utilizar esses olhares e a perspectiva do sentir para nosso campo de estudo e caderno de campo.
 

Palavras chave: cidade – movimento- experimento

Número de vagas: 20

 

5 - Minicurso: É sobre atrevimento...: notas acerca de possíveis produções visuais na pesquisa etnográfica

09/11, 08h às 12h

Ministrantes: Ingrid Rodrigues Cirino. Mestranda em Antropologia, PPGA/UFPE.

Ana Carolina Amorim da Paz. Doutoranda em Antropologia, PPGA/UFBA.

 

Proposta: Sabemos que a antropologia visual no Brasil vem crescendo desde os anos 90. As produções visuais giram em torno de fotografias, filmes, desenhos, e as possibilidades, dentro da pesquisa etnográfica, se multiplicam. Ainda assim, é um campo considerado para poucos, não só diante do seletivo acesso a equipamentos de qualidade, como a materiais e meios de suporte, serviços de edição, divulgação e outras tecnologias. Soma-se a isso, a necessidade do desenvolvimento de habilidades específicas e incentivo nos programas de ensino e pesquisa em Antropologia. Nossa proposta neste minicurso é, portanto, estimular o interesse e pensar meios inventivos e mais acessíveis para o desenvolvimento de etnografias com produção visual, principalmente para quem tem pouca ou nenhuma experiência com o tema. Por acreditar que problemas de pesquisas surgem a partir do nosso sensível, e que ele contribui para produções etnográficas, o intuito aqui é trabalhar o olhar e a percepção, e com isso, provocar os participantes para que se atreverem junto conosco, a produzir visualmente. Nosso objetivo é provocar a experimentação visual. O minicurso terá formato de oficina, com 04 horas de duração, composta por dinâmicas de sondagem, provocação, sensibilização e experimentação, atravessadas por discussões teóricas, tácitas e trocas de experiências e técnicas. Para tanto, nos apoiamos em autores como Ingold (2015), Azevedo (2016), Kuschnir (2016), Samain (1995), entre outros.

 

Palavras chaves: Etnografia; antropologia visual.

Número de vagas: 20

 

 

6 - Minicurso: “Mala de miscelânia marrom”: Introdução à vida e obra de Zora Neale Hurston

10/11, 14h às 18h

 

Ministrante: Rafaela Rodrigues de Paula (Mestranda Antropologia PPGAn-UFMG)

Steffane Santos (Graduada em Ciências Sociais- UFMG)

 

Proposta: O presente minicurso intitulado “Mala de miscelânia marrom” (HURSTON, 2021): Introdução à vida e obra de Zora Neale Hurston, surge dos “usos da raiva” (LORDE, 2014),uma raiva que epistêmica ao descobrir o apagamento da trajetória e produção de Zora Neale Hurston na história da Antropologia. Hurston, mulher, negra, antropóloga, escritora, cineasta, musicista e estudante que colaborou com um grande nome clássico conhecido na Antropologia Franz Boas. A autora num processo violento do epistemicídio dentro da produção do conhecimento teve obras e trajetória suprimidas, no entanto, essa tem sido ao longo dos últimos anos resgatada e traduzida no Brasil, à fazendo retornar, a pequenos passos, para o lugar do conhecimento que lhe era de direito. Tendo isso em vista, o minicurso buscará apresentar de forma introdutória a trajetória e principais produções da antropóloga estadunidense se dividindo em duas partes: Módulo 01 - Quem foi a “gênia” do Sul?: Vida e apagamento de Zora Neale Hurston e Módulo 02 - Mala de miscelânia marrom: A produção de conhecimento de Zora N. Hurston. Visando a maior democratização e “florescer” do conhecimento, as principais referências serão de textos de Hurston traduzidos e publicados pela Revista Ayé de Antropologia - Dossiê: Fire!!! Textos escolhidos de Zora Neale Hurston (2021), os livros Seus Olhos Viam Deus (2021) e Olualê Kossola: As palavras do último

homem negro (2021), materiais (textos e produções audiovisuais) disponibilizados pelo Curso de Extensão da Unilab: Vozes Negras na Antropologia (2021) e outras obras não traduzidas da autora que serão utilizadas, mas não tão exploradas como as supracitadas.
 

Palavras Chaves: Antropologia; Epistemicídio; Negras Antropologias.

Número de vagas: 20

 

 

7- Minicurso: Derivas da cidade-imagem: exercitando a multisensorialidade a partir da

experiência urbana

09/11, 14h às 18h

Ministrante: Arthur Leonardo de Lima Pereira - Mestrando PPGAS/UFRN

Marília Teixeira de Melo - Doutoranda PPGAS/UFSCAR.

 

Proposta: Este minicurso surge por meio da reflexão sobre cidade, corpo e contextos urbanos a partir de um cenário em que o isolamento social, devido à COVID-19, influenciou os itinerários de pesquisa, desenvolvendo diferentes afetações sentidas e espelhadas no urbano, tanto na cidade, quanto no pesquisador-etnógrafo “em campo”. Dessa maneira, nosso objetivo é estimular as formas inventivas de apropriações, usos e estratégias metodológicas voltadas para etnografias, com enfoque em fotografias, memória e movimento na/da cidade e redes sociais. A proposta é pensar a etnografia como um ato de caminhar em possibilidades estéticas, em termos de narrativas escritas e visuais, na medida em que o agir e o pensar etnográficos são atravessados por toda uma série de afetações experienciadas pelas vias da corporeidade em campo, bem como nos registros escolhidos para materializar esses itinerários. É nesse sentido que chamamos atenção para uma vivência que se inicia em derivas pelas cidades (online e offline), para a produções imagéticas sobre a urbe e dos movimentos de escrita reflexiva, que se delineiam nesses encontros, desde a criação de acervos imagéticos, captura de registros visuais, análise desse material, até a produção do trabalho de escrita antropológica. Assim, suscitamos um encontro que possa beneficiar trocas de diferentes experimentações metodológicas, uma vez que entendemos o fazer etnográfico como feito de práticas poéticas e políticas, construído por diálogos entre diversas dimensões do corpo caminhante pela cidade em diálogo com suas imagens em movimento, mediante fotografias, mapas, desenhos, montagens e grafias.

 

Palavras-chave: Antropologia Urbana; Antropologia Visual; Cidade-Imagem; Itinerários

digitais e corporeificados; Derivas.

Número de vagas: 15

 

8- Minicurso: Etnografia de documentos: experimento antropológico para ler o Estado

11/11, 08h às 12h

 

Ministrantes: André Luiz Coutinho Vicente (Mestrando em Antropologia Social - PPGAS/MN-UFRJ). Maria Luiza de Freitas (Mestranda em Antropologia Social - PPGAS/MN-UFRJ)

 

Proposta: Os documentos como artefatos de Estado se tornam materiais possíveis de serem eleitos pelos pesquisadores como fontes privilegiadas em suas pesquisas. Desse modo, operam enquanto ferramentas que fazem o Estado, ao mesmo tempo em que permitem que os sujeitos os vivenciem diferencialmente (a partir de suas práticas). Dispersos pelo sistema, tais documentos conferem existência e objetividade ao mesmo Estado que os produz sendo, portanto, dotados de significados e materialidades que merecem a atenção minuciosa que um estudo etnográfico é capaz de proporcionar. Nessa perspectiva, o esforço antropológico de tomá-los como objeto aparece na contemporaneidade como prática possível e potencial para a investigação, descrição, análise e reflexão sobre a constituição e funcionamento da burocracia e do Estado. Além disso, o deslocamento do objeto de estudo da periferia – sociedades ditas como tribais e reclusas – para o centro – o Estado, seu sistema, práticas e agentes –, como sinalizado por Piero Leirner (2014), possibilita novas construções teórico-metodológicas no campo da Antropologia. Sendo assim, o minicurso aqui proposto pretende, a partir da mobilização dos recentes estudos desenvolvidos sob o estudo etnográfico de/com documentos (ESCÓSSIA, 2019; FARIAS, 2019; FERREIRA, LOWENKRON, 2020; FREIRE, 2016; MUZZOPAPPA, VILLALTA, 2011), pensar as contribuições e entraves na utilização de tais fontes – e no acesso a elas – como objeto de estudo de nossa disciplina, proporcionando um olhar e uma incursão antropológica que ultrapasse o conteúdo escrito e considere também o contexto imbricado da/na circulação/produção de tais documentos no âmbito do Estado.

 

Palavras-chave: Etnografia de documentos. Estado. Antropologia.

Número de vagas: 20 vagas


 

9- Minicurso: Antropologia das epidemias e das emergências sanitárias

11/11, 14h às 18h

Ministrante: Jonatan Sacramento. (Doutorando PPGCS/IFCH/Unicamp)

 

Proposta: O objetivo desse minicurso é promover uma reflexão antropológica sistematizada sobre as epidemias e as emergências sanitárias, entendendo-as enquanto fenômenos sociais complexos, localizados, relacionais e passíveis de escrutínio sociológico. Pretendemos focar nossa reflexão em dois momentos: i) na compreensão dos processos de preparação (preparedness) e das incertezas em torno das práticas de planejamento e vigilância das emergências sanitárias e ii) nos processos de gestão e feitura das epidemias e suas consequências no âmbito sanitário, científico, burocrático e social. Nos últimos anos temos visto uma proliferação de estudos/etnografias sobre as práticas sanitárias em contextos de emergências em saúde, sobretudo aquelas voltadas a compreensão das epidemias e pandemias de vírus respiratórios. Com a pandemia de Covid-19, muito se escreveu, desde a antropologia e das ciências sociais em geral, sobre esse assunto, mas sem, necessariamente, mobilizar a fortuna crítica acumulada sobre o tema. Assim, tencionamos em um primeiro momento uma discussão sistematizada sobre uma parte do conjunto de bibliografia focada na temática e, posteriormente, na discussão conjunta de exemplos etnográficos dos próprios participantes do minicurso, privilegiando questões metodológicas e teóricas suscitadas pela análise bibliográfica e pelas pesquisas de campo apresentadas. Assim, o minicurso está dividido em 3 partes: a. Preparo, antecipação e incertezas; b. Gestão das crises sanitárias; c. Discussão de exemplos etnográficos.

 

Palavras chave: Antropologia da saúde; Epidemias; Emergências sanitárias; Incertezas;

Antecipação

Número de vagas: 20 vagas

 

10- Minicurso: História Indígena e Etnohistória: desafios éticos, referências teóricas e metodológicas

08/11, 08h às 12h

Ministrante: Rafael Benassi dos Santos (Doutorando PPGAS/UFSC)

 

Proposta: A fronteira entre História Indígena e Etnohistória é dinâmica: ora surge como divisora de campos de estudos distintos e autônomos, ora complementares. Estas definições conceituais, no entanto, são complexas e envolvem um debate teórico e metodológico sobre as relações entre Antropologia e História ao longo do tempo, assim como sobre o envolvimento político e ético do pesquisador com seu objeto de estudo. Na atualidade, portanto, a sua produção está direta ou indiretamente relacionada às lutas de diferentes povos para construir e registrar suas próprias histórias e epistemologias. O uso de fontes escritas e orais, dinâmicas de trabalho de campo e em acervos, formas de descrição, cooperação, autoria e protagonismo indígena, serão alguns dos temas metodológicos e pautas éticas tratados neste minicurso. Etnohistória e História indígena são áreas formadas especialmente a partir da década de 1980, com a ampliação do diálogo entre Antropologia e História. Estudos sobre a trajetória de povos indígenas e sua contribuição na formação nacional, suas perspectivas sobre o tempo e História, a historicização das relações de alteridade e formação de identidades, são alguns temas que perpassam essa divisão teórica. Esta oficina será dividida em dois momentos: exposição do ministrante e diálogo e troca de experiência entre os participantes.
 

Palavras-chave: História Indígena, Etnohistória, Historiografia, Antropologia

Número de vagas: 20 vagas

11 - Minicurso: Olhares monstrográficos: Uma perspectiva teórico-metodológica a partir das Teorias da Monstruosidade.

11/11, 08h às 12h

Ministrante: Manoel da Paixão Lordelo da Silva Junior (Mestre em História pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos Africanos, Indígenas e Culturas Negras da Universidade Estadual da Bahia (UNEB)).

 

Proposta: Os estudos sobre o ser monstruoso têm ganhado destaque no campo das Ciências Humanas, sobretudo na Antropologia, Educação, Literatura e Filosofia, como elementos do imaginário humano que lhe conferem sentidos ontológicos, para Cohen (2000, p.26), é possível “entender a cultura a partir do monstro que elas geram”. Nesta perspectiva, o

presente minicurso tem como objetivo proporcionar reflexões sobre as Teorias da Monstruosidade, apresentando um panorama das principais bibliografias e fontes sobre a temática, como ferramenta teórico-metodológica que permita aos pesquisadores(as) um olhar pelas “rachaduras epistemológicas” da figura do monstro em diversos fenômenos socioculturais. Ao longo da história, esses seres imaginários e por vezes muito reais, estiveram presentes, seja nas lendas, histórias orais, nas artes, nos tratados científicos, relatos de viagens até mesmo invadindo as produções cinematográficas e da indústria cultural, deixando muitas vezes sua posição de coadjuvante para se tornar protagonistas em diversas narrativas, que sustentam discursos estéticos, éticos, políticos e morais de cada época ou região. O que uma comunidade classifica como “monstro” revela estruturas e valores implícitos fundamentais para sua análise histórica e cultural. O minicurso propõe reflexões e análises de obras cinematográficas, noticiários, festejos populares e figuras mitológicas como exercício de abordagem para compreensão a partir da revisão das Teorias da Monstruosidade, discutindo o conceito de monstro, sua representação e discursos da monstrualização pela filosofia da diferença.

 

Palavras-chave: Teoria da Monstruosidade, monstro, monstrualização.

Número de vagas: 20 vagas


 

12 - Minicurso: Laudos Antropológicos e Justiça Criminal Aplicável aos Povos Originários

11/11, 14h às 18h

 

Ministrantes: Elaine Moreira - Doutora em Antropologia Social pela École des hautes études en sciences sociales, Paris, França – EHESS-Paris. Pós-Doc em Bioética pela Universidade de Brasília – UnB. Tédney Moreira da Silva - Doutorando e Mestre em Direito, Estado e Constituição pela Faculdade de Direito da Universidade de Brasília.

 

Proposta: A criminalização de indígenas tem crescido vertiginosamente no país e demonstrado uma nova vertente da longa duração da política indigenista assimilacionista, uma vez que é realizada, por vezes, com a assunção do discurso de adaptação ou inadaptação dos indígenas ao convívio com a sociedade nacional. Valendo-se de estereótipos de selvageria ou de incivilidade, os juízes criminais têm assumido o papel de definir a identidade étnica dos indígenas acusados a partir de critérios tais como o uso da língua portuguesa, a realização de atividade laboral em centros urbanos e mesmo o acesso a bens de consumo ou a tecnologias como indícios de um bem sucedido processo de integração (assimilação), o que afastaria a aplicação de direitos especiais caracterizados pela etnicidade. Embora não exigidos por lei, os laudos antropológicos apresentam-se como recursos indispensáveis para a legitimidade das condenações penais de indígenas, considerando-se que instruem adequadamente o processo penal sobre a responsabilidade criminal que estes possuem, segundo suas práticas costumeiras ou tradicionais, e salvaguardam um debate intercultural. Como ocorre a junção entre tais saberes (o antropológico e o jurídico) e quais são os desafios técnicos exigíveis de ambos os profissionais são os temas centrais deste minicurso, que pretende, ainda, abordar: a) aspectos legais relativos à responsabilidade criminal dos acusados (e sua aplicação aos indígenas), segundo a doutrina jurídica e o entendimento jurisprudencial majoritários; b) a aplicação das Resoluções no 287, de 2019, e n.o 454, de 2022, ambas do Conselho Nacional de Justiça; c) características principais de laudos antropológicos da seara criminal e o papel do perito nesses casos.

 

Palavras-chave: Povos Originários. Sistema de Justiça Criminal. Laudo Antropológico.

Número de vagas: 20 vagas

13- Minicurso: Pesquisa é trabalho!: saúde mental, ferramentas e reflexões para organização e otimização do ofício de pesquisa

08/11, 08h às 12h

Ministrantes:

Hannah L. A. de Vasconcellos. Doutoranda em Antropologia, Museu Nacional/UFRJ. 

Maria Aline Sabino Nascimento. Doutoranda em Antropologia, Museu Nacional/UFRJ.

 

Proposta: A pesquisa acadêmica, principalmente quando falamos em ciências humanas, por muitas vezes não é encarada como um trabalho, mas como um processo formativo fundamental para nossa atividade. No entanto, esse equívoco gera travas e falhas que podem ser vistas no resultado dos nossos trabalhos, na percepção externa de quem nos acompanha e na nossa própria saúde mental. Esses entraves não são gerados somente por essa percepção errônea do trabalho de pesquisa, mas também porque tendemos a não levar em conta os atravessamentos socioemocionais que nos constituem tanto como pessoas quanto pesquisadores (Castro, 2022). Desse modo, não criamos ferramentas para lidar com tais atravessamentos. Encaramos a metodologia - entendida aqui também como possibilidade de ferramenta de autorregulação socioemocional - e a criatividade como parte de um movimento retroalimentativo (Diniz, 2012). Afirmamos, neste minicurso, que pesquisa é trabalho e como tal temos e precisamos de ferramentas de otimização, organização e automatização. O minicurso tem a proposta de apresentar metodologias e ferramentas práticas e subjetivas para a pesquisa acadêmica. O público-alvo são todos os trabalhadores da pesquisa, especialmente aqueles que estão no início da carreira, mas não só. O minicurso terá como conteúdo: 1. perguntas-chave para encontrar a sua maneira de produzir 2. processo de escrita; 3. como escolher metodologias de pesquisa; 4. como fazer e organizar caderno e diário de campo; 5. análise de dados; 6. ferramentas para concentração; 7. dispositivos de organização e otimização do tempo.

 

Palavras-chave: pesquisa, trabalho, metodologia, saúde mental.

Número de vagas: 20 vagas

 

14 - Minicurso: Antropologia e Relações Multiespécies: Pensando o Contexto Brasileiro

10/11, 14h às 18h

 

Ministrante: Jaqueline de Araújo Vieira (Mestranda em Antropologia Social - Museu Nacional/UFRJ). Vitória de Fátima dos Santos Sousa (Mestranda em Antropologia Social - Museu Nacional/UFRJ)

 

Proposta: O minicurso tem como objetivo pensar as relações multiespécies em um contexto, sobretudo, de pesquisas feitas no Brasil, abarcando também o recorte feminista, de gênero e de raça que emerge neste cenário. Se percebe, ao ter contato com as principais bibliografias sobre o assunto, que as antropólogas encabeçam o debate sobre as relações multiespécies, adentrando em questões que envolvem a ótica do cuidado em seu sentido canônico na literatura antropológica. Ademais, ao analisar etnografias, são as mulheres - camponesas, indígenas e quilombolas, por exemplo - que desenvolvem múltiplas relações com os diversos seres extra humanos presentes em suas vidas. Dessa maneira, o minicurso será organizado em dois principais momentos: 1) o primeiro visa localizar a efervescência do debate multiespécies na antropologia, a fim que se compreenda de onde e para onde o mesmo tem caminhado; 2) o segundo será dedicado ao contexto etnográfico das pesquisas multiespécies e seguirá trabalhos que tomaram essa perspectiva em seu percurso de realização, especialmente no âmbito da técnica. Por fim, um exercício metodológico será proposto com o intuito de que cada participante possa pensar sua pesquisa/interesse à luz das reflexões e relações multiespécies. O minicurso terá duração total de 4 horas, compreendendo a exposição das proponentes, as dúvidas oriundas das participações, o exercício metodológico e um intervalo de 15 minutos.

 

Palavras-chave: Relações multiespécies; Gênero; Etnografia; Seres extra-humanos; Técnica.

Número de vagas: 20.

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