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Encontro Nacional dos Estudantes Indígenas: aldear e ocupar a universidade

Juliana Jodas

As políticas de ações afirmativas no Brasil, implementadas desde o início dos anos 2000, permitiu a ampliação do acesso da população negra e indígena no ensino superior. A presença crescente de povos indígenas nas universidades ocasionou na organização do Encontro Nacional dos Estudantes Indígenas (ENEI), cuja primeira edição ocorreu no ano de 2013, na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Tal evento, de âmbito nacional, se traduz em um importante momento de ocupação, celebração e visibilidade das demandas indígenas na universidade, ou como colocado por Taquari Pataxó “o ENEI serve para abordar tudo aquilo que a universidade não dá conta”.

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Foto 1: A luta também é com a caneta.

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Foto 2: Ancestralidade tecnológica.

Desde o primeiro encontro, o ENEI tem sido realizado em diferentes universidades e regiões do país, como forma de articulação política e acadêmica dos estudantes indígenas. A programação dos encontros é marcada por um rearranjo do formato acadêmico, a começar pela heterogeneidade dos convidados e palestrantes formados pela presença de estudantes, pesquisadores, lideranças, xamãs, pajés, profissionais e professores indígenas. As mesas de debates são sempre intercaladas com apresentações culturais de diferentes etnias, proporcionando um clima de confraternização entre os parentes indígenas, em que os formalismos e rigidez acadêmicas ficam em segundo plano.

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Foto 3: Corpo como território.

Nestes eventos, os estudantes indígenas deslocam suas referências políticas e espirituais, das aldeias para as universidades, em que a autoridade do conhecimento, que na lógica acadêmica é dada através de títulos acadêmicos e publicações científicas, é reorganizada a partir da legitimidade e reconhecimento das lideranças e dos mais velhos, que imprimem seus discursos para e com os estudantes.

O IX ENEI ocorrido em julho de 2022, sediado na cidade de Campinas, foi organizado pelos estudantes indígenas da Unicamp com a temática “Ancestralidade e Contemporaneidade”. A programação contemplou a discussão de temas referentes a pandemia e o genocídio dos povos indígenas, indígenas mulheres e feminismos, educação e interculturalidade, artes e literatura indígena, saúde coletiva, meio ambiente e sustentabilidade, luta contra o epistemicídio e políticas de permanência estudantis.

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Foto 4: Corpo espiritual

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Foto 5: Pisada forte Pataxó

Utilizar apenas a linguagem escrita para descrever os ENEIs não é suficiente para compreender a magnitude de sentidos, significados, cores, cantos, músicas e sentimentos que esses momentos representam e mobilizam entre os presentes. São rituais combinados com falas políticas, são discussões acadêmicas seguidas de confraternização por meio de músicas, danças e desfile ancestral como forma de visibilizar a diversidade de etnias representadas nos encontros e nas universidades brasileiras.

A música é bastante presente nos encontros e a menção dos cantos e cores se fazem necessárias como representação das variadas formas de expressão de ideias e pensamentos debatidos no evento. A demarcação política ocorre por meio de linguagens diversas, em que as fotografias buscam elucidar a potência desses encontros e os diferentes usos da universidade pelos estudantes indígenas na ocupação da universidade e na luta por suas demandas.

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Foto 6: Demarcar a universidade.

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Foto 7: Celebrar e agradecer.

Foto 8: O futuro é indígena.

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