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Desenhando o entrelaçar do Cerrado goiano com as ruínas: em busca de uma simbiose possível entre humanos e não humanos
Katiane Almeida (UFG)

Imagem 1: O mundo onde possam caber muitos mundos
A partir das provocações evocadas nas reuniões do LABareDA (Laboratório de Desenho & Antropologia – UFPB) em 2021, principalmente, por meio das leituras compartilhadas de Histórias de Camille (Haraway, 2016), me senti motivada a desenvolver uma escrita desenhada criativa, ou seja, seguir o desafio de uma produção viva e irreverente perante as mudanças climáticas irreversíveis e as altas taxas de extinção do Cerrado goiano.
No cenário atual brasileiro estamos diante a um ataque sistemático às ciências humanas, a desqualificação do trabalho científico, além do empobrecimento maciço da população e à destruição visceral do meio ambiente.

Imagem 2: As possibilidades de existências multiespécies entrelaçadas
Conforme, exploram os argumentos de Haraway (idem) é preciso responder a questão de como viver nas ruínas e imaginar uma sintonia entre humanos e não humanos, por meio de posturas inovadoras. Desta forma, este ensaio desenhado busca compreender de que forma se pode forjar revoluções ontológicas para formar parentes.

Neste projeto, de compreensão dos conceitos da autora citada quanto a aprender a costurar colaborações improváveis, o desenho tornou-se uma habilidade sensitiva que desafia as epistemologias tradicionais de produção do conhecimento científico.
Imagem 3: Outros mundos a ressurgir

Imagem 4: Os filhos da compostagem

Ora, para além da reflexão da dimensão ficcional de Histórias de Camille, também esteve presente nas produções criativas a dimensão analítica e a dimensão metodológica, uma vez que uma abordagem minuciosa foi se construindo ao longo dos debates sobre a teoria do antropoceno e o fazer etnográfico na Antropologia. Isto posto, levando em conta o estímulo proveniente das leituras, dos debates e da produção dos desenhos, face a face a um planeta danificado precisamos seguir com o problema fomentando outras formas de pensar que possibilitem a construção de tessituras criativas.
Imagem 5: Desenhar mundos possíveis dentro das ruínas é um modo de resistência política.


Imagem 6: Fazendo parentes com outras espécies para se proteger da extinção.
Imagem 7: Engajamento responsável em que se repensa o mundo onde a reprodução biológica não é fundamental
Assim, como apresenta Haraway (2006) e Ingold (2015) a confecção de redes e ao percorrer caminhos que aproximam as ciências e as artes podemos imaginar um cenário, em que a resistência criativa torna-se uma prática pedagógica para o fazer-aprender-conhecer prospere por meio da simbiose de humanos e não humanos.