“eu quero resgatar memórias subterrâneas, subcutâneas, cantando murmúrios em vísceras, sangue, ossos, órgãos desfeitos em poros, memórias de risos, músicas...”

Onde a diáspora judaica cabe? Por quais caminhos ela transborda? Como costurar memórias, vidas e esquecimentos? No ensaio experimental “buscando murmúrios”, partimos de fragmentos – fluídos, poesia, tempo, histórias, velas de Hannukah, pintura – para criar um espaço-tempo em que seja possível que a vida emerja. Em uma procura por murmúrios da/na tradição judaica, afundamos, sem pretensão de respostas, no desejo por acessar perguntas e vazios que pedem com urgência para serem vividos. Avistamos de relance murmúrios perdidos, os transmitidos l’dor v’dor, de geração em geração, os reencontrados ao serem criados e, em especial, os que escapam de nós sem que percebamos que nos habitam. Esse ensaio é um experimento de imaginação, entre o mar, o oceano e a lua, sobre o que estar em diáspora pode vir a ser e sobre como a impossibilidade do resgate torna possível o retorno. O que talvez signifique apenas uma miragem dos infinitos caminhos para reencontrar o que ainda há de acontecer e já mora em nós, afinal, o tempo judaico pode ser descrito como uma espiral ascendente.