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Desenhando Paisagens Multiespécies: Experimentações ao redor de gigantes em Cabedelo – PB

Sthevson Lourran de Melo Santos(UFPB)

Ilustração 1 - Homem pescando no farol do Dique de Cabedelo, 2021..jpg

A paisagem na qual debruço no meu trabalho de campo é a região popularmente conhecida como Dique de Cabedelo, no município de Cabedelo, litoral norte paraibano. Nessa região, no mar, existe um grande tráfego portuário em decorrência do Porto de Cabedelo e, na terra, em decorrência de grandes depósitos e pontos que compõe a conjuntura histórica da cidade, como o Forte de Santa Catarina.

Ilustração 1 - Homem pescando no farol do Dique de Cabedelo


“Primeiro desenho realizado em campo, diante as nuances dos raios solares do pôr do sol cabedelense, a feição séria do pescador com seu instrumento de pesca preso ao chão, contrastava com o ambiente turístico ao redor.”

Paralelamente a isso, a posição do Dique entrelaça águas doces e salgadas: de um lado, vemos o Rio Paraíba e do outro, o mar. Sua construção tem o propósito de servir como um “guia corrente” que impede os efeitos erosivos do rio e a criação de ondas na entrada do Porto (BARBOSA, FURRIER, SOUZA, 2018).

Ilustração 2 - Um toque (in)ofensivo
 

“Uma obra inspirada na pintura do Michelangelo, em que as mãos se encontram na construção do Dique passando a ideia de que é uma construção feita por indivíduos. Desenho em que me provoquei a tentar colocar elementos além do que se é visto, propondo uma ilustração subjetiva e critica levando a pensar em como as interferências humanas estão visíveis e mascaradas esteticamente como pontos turísticos.”

Ilustração 2 - Um toque (in)ofensivo, 2021..jpg
Ilustração 3 - Bagre Fita, 2021..jpg

Esta função nos lança a uma ligação histórica acerca da caça de baleias, evento que sintetizou a história local e regional de tal prática, que fora constituinte da economia paraibana durante sete décadas (1912-1987) (DUARTE, AGUIAR, 2013).

Ilustração 3 - Bagre Fita


“Bagre fita, primeiro peixe que observei sendo fisgado por um dos meus interlocutores, sendo exibido morto numa vara de pescar presa no meio das pedras.”

Desse modo, a construção histórica que aqui reluz é a seguinte: antigamente existia a caça-baleias e atualmente nota-se um atrativo na área da pescaria artesanal que alimenta uma construção de saberes interespecíficos. É neste ponto que se pode ater numa cosmovisão do pescador com o pescado, o humano e o não humano.

Ilustração 4 - Jogo de soma não zero


“Cena retratada por um pescador em que ele conta que consegue saber onde jogar a vara de pescar no mar quando observa movimentos circulares na superfície da água. Isso ocorre devido aos cardumes estarem fugindo dos botos e acabam formando um pequeno redemoinho na água, indicando para onde os peixes estão indo e qual o melhor local de tentar fisgar um peixe.”

Ilustração 4 - Jogo de soma não zero, 2021..jpg

Há, sobretudo, um terceiro e quarto agentes dessas relações o boto e as aves. O boto demonstra aonde se encontram os peixes, e as aves, mostram aonde estão os botos.

Ilustração 5 - Equipe Cipoada, 2021..jpg

Ilustração 5 - Equipe Cipoada

“Camisa usada por um grupo de pescadores que acompanhei numa manhã ensolarada no dique, que tem estampada um peixe conhecido por Camurim ou Robalo, que é para eles um dos mais difíceis e bonitos peixes de serem fisgados na região, que inclusive tem pesca proibida no local, segundo relatos dos meus interlocutores.”

Ilustração 6 - Gigante, 2021..jpg

Ilustração 6 - Gigante

“Depósito localizado próximo a área costeira do Dique. Essa e outras construções são notórias na região, barulhentas e com esgotos perto do mar e do rio, chegam a ser gigantes perto da construção do dique.”

Portanto, esse ensaio visual segue a linha de pensamento de que “onde há pescadores, (muito provavelmente) há peixes" (GOMES, 2020 p. 182), propondo expor, à luz da antropologia desenhada, as particularidades presentes no Dique de Cabedelo.

Ilustração 7 - Crescimento interespecífico, 2021..jpg

Ilustração 7 – Crescimento Interespecífico

 

“Relato de um achado durante uma caminhada. Desenho de um vaso e uma chupeta de criança encontrado no meio de árvores, numa espécie de casa improvisado que outrora possivelmente foi habitada por pessoas, entre elas uma criança, que estavam morando próximo as margens do Rio Paraíba.”

Ilustração 8 - Mosquitos companheiros, 2021. (1).jpg

Ilustração 8 – Mosquitos companheiros


“Feito na minha última ida a campo, me retrato sentado num dos bancos do Dique, onde fico observando os turistas e os pescadores, e rodeado de mosquitos pelo corpo. Mosquitos que me acompanham em todas as idas a campo, grudam e fazem barulhos, mas não machucam, são meus companheiros e de todas as pessoas que visitam o Dique, estão ali sendo bem vistos ou não.”

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