Linn(da) que brada: registros de uma artista dissidente
Rafael Pinheiro(Unifesp)
Tendo como foco as apresentações musicais da artista multimídia contemporânea Linn da Quebrada, as fotos que compõem este ensaio foram registradas em trabalhos de campo nos shows da artista nos espaços SESC Santo Amaro (25/10/2019) e Centro Cultural São Paulo (3/11/2019). A escolha para a apreensão estética dos shows foi de fotografá-los a partir da perspectiva da plateia, ao lado de todas, todes e todos que acompanhavam as apresentações.
Foto 1: Close da artista no início do show no SESC Santo Amaro
Foto 2: No refrão da música Bixa preta, Linn da Quebrada canta “Bixa pre (trá... trá... trá... trá)”, com a mão direita apontada para a plateia e com os dedos fazendo alusão a uma arma, e, ao fundo, o barulho de tiros de uma metralhadora
Assim, as imagens produzidas a partir do meu olhar enquanto pesquisador e, também, como espectador dos shows, destacam ora imagens focadas na artista Linn da Quebrada e nos seus movimentos corporais; ora em sua intensa relação/interação com a plateia.
Foto 3: Momento final da música Bixa preta
A curadoria dos registros fotográficos deste ensaio ressalta alguns pontos-chave que podem ser utilizados para a apreensão de questionamentos importantes que mobilizam as apresentações musicais da artista. Para além dos movimentos dançantes e coreográficos ao longo do show, destaco a expressão de fúria enquanto Linn da Quebrada canta o refrão da música Bixa Preta; a manipulação da artista com um dildo (brinquedo erótico em formato de pênis) e a sua interação com o público, que embalam o início da música (+ Muito) Talento; e a utilização de um megafone como parte do arranjo de Bomba pra caralho.
Foto 4: Um dos momentos iniciais do show no Centro Cultural São Paulo
De modo geral, Linn da Quebrada elabora, nas letras das músicas e nos shows questionamentos que perpassam os marcadores sociais das diferenças; o combate ao racismo e à transfobia; a exaltação das dissidências sexuais e de gênero; e as possibilidades de experiências corporais e sexuais
para além da heteronormatividade e das normas reguladoras binárias.
Foto 5: Manipulação do dildo e interação com a plateia no início da música (+ Muito) Talento
Foto 6: Sequência da utilização do dildo
Foto 7: Sequência da utilização do dildo
Foto 8: O megafone é utilizado na música Bomba pra caralho para distorcer a voz da artista; tem uma referência direta a protestos; e, também, aparece como uma alusão a uma arma. Ao final dessa música, ecoa um barulho de sirene e o palco é tomado por uma iluminação vermelha