Entre prescrição e sentença de lembrar e tombar: arranjos e políticas em torno de
prisão, memória e patrimônio
Natalia Negretti(Unicamp)
Parte de um percurso etnográfico em torno da relação entre prisão, memória, museu e patrimônio, esse ensaio fotográfico, por meio de registros da Casa de Cultura de Pernambuco (Recife, Pernambuco, Brasil) e do Museu Penitenciário de Ushuaia (Ushuaia, Terra do Fogo, Argentina), instituições marcadas por processos de desativação e ativação, busca, na orientação de tais espaços como cenários, apresentar vinculações e bastidores que suas discussões podem suscitar.
Foto 1: Posto de Turismo - Casa de Cultura de Pernambuco
Se vincula, deste modo, a novelos com os quais lembranças estão relacionadas: esquecimento, edição e narração. Como política central de sociedades ocidentais (HUYSSEN, 2000), a memória se constitui também como reflexão acerca de desigualdades e diferenças, assim como ação aproximada de perspectivas em torno de colonialidade.
Foto 2: Cela 212 - Casa de Cultura de Pernambuco
Foto 3: “Na reforma boa parte da muralha foi derrubada [...]” - Casa de Cultura de Pernambuco
Os atos de fazer lembrar - e suas possibilidades – nos espaços trazidos a essa ocasião são distintos a contar dos projetos de suas transformações e dos destinos de suas desativações: ativação de equipamento cultural e museológico, respectivamente.
Foto 4: “Por favor não toque na peça”- Casa de Cultura de Pernambuco
Entretanto, é por via também de seus tombamentos que tais espaços se vinculam, com índices comuns (BOSI, 2003), ao diálogo entre memória e história, ao turismo e comércio e às formas de processamento social frente às instituições penitenciárias (NEGRETTI, 2021).
Foto 5: Material de Trabalho e bastidores do Museu - Museu Penitenciário de Ushuaia
Com as maneiras de transformação em ativação de um “outro espaço”, envoltos a estes e aos demais substantivos estão também seus verbos.
Foto 6: Pinguins pintados - Museu Penitenciário de Ushuaia
Prender, desativar, tombar remetem às noções de localidade e especificidade das duas instituições e se emaranham a rotas e redes para uma discussão sobre formação de estado-nação com e a partir de prisões, bem como a permanência da prisão no tempo, simultaneidade de políticas e, entre prescrições, penitências e sentenças, formas de lembrança social.
Foto 7: Escultura de interação de revista - Museu Penitenciário de Ushuaia
Foto 8: Vista para uma réplica do Trem do Fim do Mundo - Museu Penitenciário de Ushuaia