MC10. Parentesco e linguagem, de Morgan a Lévi-Strauss: um itinerário estruturalista
Ministrante: Erick Nascimento Vidal (Universidade de East Anglia)
Vagas disponíveis: 60
Ementa: O objetivo primário deste minicurso é, através da exploração dos sucessivos enquadramentos de um problema específico – aquele da relação entre linguagem e parentesco – dar uma ideia da riqueza teórica de um período longo na história da antropologia, mas cujas inovações metodológicas e nuances conceituais são frequentemente negligenciadas. Trata-se do período que vai da segunda metade do século XIX até a primeira metade do século XX, ou seja, de Morgan (1871, 1877) até o início da obra de Lévi-Strauss (1945, 1949, 1965), passando por Mc Lennan (1876,) Rivers (1907, 1914), Lowie (1915, 1918), Kroeber (1909, 1934, 1936, 1952), Hocart (1937), Malinowski (1930), Evans-Pritchard (1929, 1932) e Radcliffe-Brown (1924, 1935). A ênfase sobre a dimensão dialógica desse período permite recuperar alguns textos pouco conhecidos mas particularmente reveladores quanta às diferentes preocupações e propostas analíticas dos autores em questão, os quais se mostram, cada um à sua maneira, extremamente refinados. Um objetivo secundário do curso é indicar de que maneira o estruturalismo lévi-straussiano, em sua primeira forma – aquela de As estruturas elementares do parentesco (1949) – representa uma culminação desse processo dialógico, ao mesmo tempo em que relança o problema sobre novas bases. Porém, em vez de enfatizar, como tradicionalmente se faz, o problema da reciprocidade e a teoria da aliança, o minicurso busca substanciar uma interpretação específica do tipo de problema que a antropologia de Lévi-Strauss coloca para a teoria social. Em particular, mostra como ela projeta uma imagem da sociedade como resíduo da interação entre sistemas de comunicação que se articulam sem se sobrepor exatamente e cuja dinâmica histórica depende desse desencontro.
Palavras-chave: parentesco; estruturalismo; estrutural-funcionalismo; culturalismo; evolucionismo.
Programa: 1) Como ler e como não ler antropologia clássica: problemas de método; 2) Morgan e McLennan: relações entre relações terminológicas e relações sociais; 3) Rivers e Kroeber: o problema da causalidade; 4) Malinowski e Hocart: o significado das relações genealógicas; 5) Evans-Pritchard e Radcliffe-Brown: a estrutura das relações genealógicas; 6) Radcliffe-Brown e Kroeber: graus de correlação; 7) Lévi-Strauss: integração dinâica, ou as folhas da rosácea como máquinas; 8) Questões e comentários.