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Comidas do rio e floresta: retratos culinários na comunidade quilombola de Mangueiras na Ilha do Marajó, Pará

Lara de Victória A. Vaz(UEPA)
Jessica Silva França Nascimento(UEPA)

O projeto se situa no campo da Antropologia da Alimentação em contexto de povos e comunidades tradicionais da Amazônia, sobretudo na comunidade quilombola de Mangueiras, na Ilha do Marajó, no estado do Pará.

Foto 1: Ato do preparo do bacú, peixe típico da região. No horizonte, os utensílios utilizados para a limpeza e corte do pescado, tais como facão e uma panela.

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Compreendemos que em contexto destes grupos, a questão da alimentação envolve uma gama de saberes, práticas e sociabilidades que revelam os seus modos de viver e de criar.

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Foto 2: Menina quilombola carregando pescados frescos para a venda provenientes do Rio Mangueiras

A partir da viagem de campo, da observação participante e de entrevistas semi-estruturadas (Malinowski, 1978; Spradley, 1980; Bernard, 1988) como metodologia para a coleta de dados, revelou-se que os pratos típicos e as preferências da comunidade transmitem valores simbólicos e significados diversos (econômicos, sociais, religiosos, etc). No caso da referida comunidade, os principais recursos úteis à alimentação provém dos rios e da floresta. De lá são retirados os caramujos, caranguejos, camarões, peixes e caças como paca, tatu, veado, etc.

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Foto 3: Garoto de 10 anos durante atividade de quebra do tucumã. Na imagem, pode-se visualizar a separação entre as cascas dos caroços, utilizadas na alimentação de porcos, e os “bichos” que são encontrados no interior de alguns caroços, possuindo forte potencial medicinal e gastronômico.

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Foto 4: Caramujos, mariscos comuns na comunidade, imersos em água com chicória, depois de lavados em água corrente, momentos antes da fervura. A imagem representa uma das etapas dos pratos culinários que tem o caramujo como base alimentar.

Entre os alimentos mais consumidos está o peixe, tendo em vista as estratégias alimentares da comunidade. Nascimento e Barros (2019) atenuam o significado ecológico, econômico e cultural que os peixes e mariscos possuem em comunidades quilombolas, sendo a pesca uma das maiores fontes de renda das famílias em Mangueiras.

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Foto 5: Conhecido como “bicho de tucumã”, este animal é rico em propriedades medicinais e terapêuticas. Ao fundo, os caroços onde são encontrados os bichos, que segundo os moradores, possuem furos como indicativo da presença da larva

Por conta de questões territoriais e econômicas, a comunidade passou por mudanças em seu sistema alimentar, de forma que a alimentação passou a ser ressignificada a partir da memória afetiva que se tem com a comida, sempre buscando incorporar elementos modernos no que é considerado tradicional e incorporar o tradicional no que é considerado moderno.

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Foto 6: Forno a lenha com comidas sendo preparadas no “Bacú”, um local de lazer dos moradores da comunidade aos domingos e que leva o nome do peixe mais consumido em Mangueiras.

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Foto 7: Carne de tartaruga guisada com farinha d’água. As caças são presentes na comunidade.

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Foto 8: Banquete em Mangueiras. A refeição é composta por arroz branco, feijão com cenouras, farinha d ́água e peixe frito (pescada) com cebola, tomate e chicória.

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