Desenhos em etnografia sobre casas de mulheres
Isabela Vinna Pinho (UFSCar)
Os desenhos são frutos da minha dissertação intitulada como “Casa de mulher: os circuitos cotidianos de cuidado, dinheiro e violência em São Carlos/SP” (PINHO, 2019). A etnografia foi feita nas casas de quatro mulheres moradoras do bairro Eduardo Abdelnur localizado na periferia de São Carlos.
Foto 1: Lembranças de um rio e de flores.
Autora: Rosa, 35 anos (2018)
Os desenhos serviram como recurso de pesquisa e forma de descrição, como processo e produto final, complementares à etnografia. A utilização deles não buscou somente ilustrar o texto verbal, como que para explicá-lo ou decorá-lo, mas para representar outra forma de narrar e de representar o mundo social.
Foto 2: As casinhas do Abdelnur coloridas.
Autora: Rosa, 35 anos (2018).
Foto 3: As casinhas do Abdelnur sem cores.
Autor: Miguel, filho de Rosa, 11 anos (2018).
Foto 4: A casa de Rosa.
Autor: Miguel, filho de Rosa, 11 anos (2018)
Eles se tornaram ainda mais interessantes quando levados em consideração junto com as descrições do momento em que foram criados e dos contextos sociais em que as pessoas estão inseridas, bem como as experiências de cada uma delas. Privilegio aqui o desenho como representação social, manifestação do universo de sentidos das crianças e adultos. É interessante nos atentarmos para a capacidade dessa forma discursiva de produzir inteligibilidade sobre um fenômeno, como a casa e a família.
Foto 5: A casa de Ana.
Autora: Laura, filha de Ana, 10 anos (2018).
Foto 6: A expulsão da antiga casa com todos os filhos.
Autor: Miguel, filho de Rosa, 11 anos (2018).
A temática da casa foi central na pesquisa, mas não era uma questão dada a priori e é interessante notar como representações de casas também foram centrais em vários desenhos. Sempre que ia ao bairro levava comigo folhas sulfites, lápis de cor, giz de cera e canetinha. Era uma forma de me aproximar mais das interlocutoras e de seus familiares, de “ouvir” seus silêncios, brincar com as crianças e trocar desenhos como presentes. Rosa, uma das interlocutoras que vivia em situação de muita precariedade, fez dois desenhos repletos de cores, que me entregou e disse: “O meu sonho é desenhar... Eu sempre vi em quadros.”
Foto 7: Miguel e sua antiga casa.
Autor: Miguel, filho de Rosa, 11 anos (2018).
Foto 8: A família de Rosa.
Autor: Bruno, filho de Rosa, 12 anos (2018).