Coordenação: Jordana Cristina Alves Barbosa (PPGAS/Unicamp)
Maria Aline Sabino Nascimento (MN/UFRJ)

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Em todo o mundo, mulheres negras foram e são as criadoras de métodos, conceitos e teorias que transformaram as ciências, a literatura, o audiovisual, entre outros campos. O conhecimento que essas mulheres produziram durante séculos desaguou além das fronteiras epistemológicas, confirmando sua concretude, por exemplo, em políticas públicas, que afetam diretamente a vida de milhares de pessoas. A produção dessas mulheres está diretamente associada a uma memória e expressão de suas origens e condição de mulher negra no mundo. Suas experiências, suas memórias, seus corpos manifestam-se em produções de mundo e conhecimento, resgatando saberes ancestrais, bem como, criando novas ancestralidades. Para elas, “o futuro é ancestral” e é criado no cruzamento e diálogo entre os tempos, formando o que podemos chamar de afrofuturo. Ao olharmos para o feminismo, mulherismo, mulherismo africana, podemos perceber as constelações de pontos que nos mostram a figura de uma mulher geradora, gestora e cuidadora de conhecimento. Neste sentido, este GT propõe e reclama reconhecimento de geradoras e gestoras de sentidos, de comunidades, de corpos, de territórios. A partir de uma perspectiva antropológica, nos interessa pesquisas que debatam os diversos usos e sentidos dessas autoras num movimento de ruptura com uma antropologia colonial. Como essas variadas formas de criar e escrever constroem mundos, ciências, métodos? Quais contribuições essas mulheres gestaram para o mundo? Afinal, como afirma dona Jacira Roque de Oliveira, “tudo que eu coloco a mão, tudo que sai de mim para outras pessoas, vai com minha energia e é meu filho, é também poesia do tempo”. Pode ser um pão, uma planta ou conhecimento.