GT 20. Entre o ateliê e o laboratório: mundos de arte-ciência e as confusões entre fato e ficção
Coordenação: Joaquim Pereira de Almeida Neto (PPGAS/USP)
Juliana Ramos Boldrin (PPGAS/Unicamp)
Onde acaba a ciência e começa a arte? Onde termina o ateliê e começa o laboratório? O que separa fato e ficção? E o que distingue semioticidade de materialidade? A modernidade reforçou radicalmente a separação iniciada no Renascimento entre arte e ciência, concedendo a esta os fatos e o estatuto de explicação objetiva de mundo e relegando àquela um lugar de representação e subjetividade associado à ficção. Contudo, nas últimas décadas, a noção de objetividade científica vem sendo colocada sob escrutínio e suspeição, o que tem trazido à tona os seus aspectos moralizantes, históricos e processuais. Esse movimento crítico, aliado a debates contra a ideia de representação artística, contribuiu para colocar a política no centro tanto de práticas artísticas quanto científicas e para abrir possibilidades para se reatar a cumplicidade entre as duas áreas. Reatadas, e liberadas das chaves de explicação e representação, arte e ciência aparecem, então, como práticas que co-produzem mundos (Donna Haraway, 2016). Ancorado a essa perspectiva, o objetivo deste GT é discutir os borramentos entre arte e ciência e fato e ficção. Sendo assim, são bem-vindos trabalhos acadêmicos, performances artísticas e intervenções ético-políticas preocupados com a confusão de fronteiras entre pesquisa científica, tecnologias emergentes e produção artística. Esperamos acolher trabalhos que dialoguem, por exemplo, com produção de iconografias e sonoridades; emaranhamentos entre o vivo e o não vivo; agencialidades não-humanas; comunicação multiespécie; práticas de co-criação mais-que-humanas; tecnologias e técnicas biomédicas de visualização de corpos, espaços e interstícios; preocupações ecológicas e alterações de paisagens; biogenética, bioarte, biohacking, wet medias e DIY.
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