Coordenação: Lis Furlani Blanco (PPGAS/Unicamp)

Esse GT tem como objetivo central trazer a proposição de uma discussão sobre a produção de conhecimento acerca dos fenômenos da alimentação e da fome a partir de uma perspectiva antropológica. Tendo como principal premissa a ideia de que alimentação e fome não são polos opostos, mas são produtos e processos políticos corporificados e territorializados, buscamos incentivar a participação de trabalhos que olhem com atenção às práticas cotidianas de existência. Propomos questionar, assim, a separação entre o corpo faminto, o corpo alimentado e as relações discursivas de poder que se desenrolam através desses corpos e dos saberes produzidos sobre eles, levando em consideração a ideia de que no conjunto dessa produção de conhecimentos, aspectos de gênero, cor, etnia, raça, deficiência, classe, idade, para mencionarmos as marcas sociais de diferenciação mais mobilizadas, são produzidos e performados.
Inspirados pelas análises antropológicas clássicas da alimentação e da fome, como as de Audrey Richards, Mary Douglas, Sidney Mintz, Claude Lévi-Strauss, Jesus Contreras, Maria do Carmo Freitas, entre outras, nos interessamos por trabalhos que discutam e problematizem essas abordagens, entendendo a atenção para a comida e fome como uma forma possível de questionamento epistêmico da própria disciplina. Mais do que uma análise da produção bibliográfica sobre esses fenômenos, nos parece importante trazer questionamentos políticos-epistemológicos acerca da construção desses objetos, isto é, a maneira que os conhecemos, os descobrimos, identificamos, enquadramos e os promulgamos.